O que dizes aos cépticos nesta questão do aquecimento global?
segunda-feira, novembro 02, 2009 | Author: Jorge Ramalho


“I suggest there have always been two kinds of original thinkers: Those who upon viewing disorder try to create order, and those who upon encountering order try to create disorder. The tension between the two is what drives learning forward. It lifts us upward through a zigzagging trajectory of progress. And in a Darwinian contest of ideas, order always wins, because – simply – that is the way real world works.”


O que dizes aos cépticos nesta questão do aquecimento global?


Eu próprio sou céptico. Mas uma coisa é ser-se céptico, outra é negarmos as evidências. Ora, as pessoas que se apresentam como “cépticas climáticas” não trabalham em climatologia nem sequer acompanham a literatura da especialidade. Os ditos “cépticos” não frequentam as revistas científicas de climatologia e preferem ler e escrever em “sites” e “blogues” onde, regra geral, se usam fontes secundárias e não se permite contraditório. Ora, nunca se estudou tanto o clima do planeta, nem se soube tanto sobre a sua dinâmica, como actualmente. Os modelos de circulação do oceano e da atmosfera (AOGCM na sigla Inglesa), possuem um nível de complexidade que os torna impróprios para consumo popular. Não obstante, estes modelos têm sido usados com sucesso para prever variações do clima do século XX. Os paleo-climatólogos também têm sido capazes de simular períodos climáticos no Quaternário e no Terciário recorrendo a projecções que são depois validadas com o registo fóssil. Podem perguntar: existem incertezas? Existem fenómenos que são difíceis de prever? Ninguém o nega. Mas ignorar os progressos que têm sido feitos no últimos anos, em matéria de ciência climática, é pouco construtivo. E reduzir os mecanismos que governam o clima a dinâmicas caóticas, ou ridicularizar a climatologia por analogia à dificuldade que os meteorologistas têm de prever o tempo daqui a uma semana é pouco sério.

Por outro lado, há que reconhecer que as consequências das alterações climáticas colocam o tema num patamar diferente da discussão simplesmente académica. Estamos perante um fenómeno que pode afectar a vida de centenas de milhões de pessoas e a sobrevivência de nações inteiras (o caso de nações insulares). Portanto, há que ser responsável na gestão das incertezas e assegurar que as decisões adoptadas sejam as que minimizem o risco de cometer erros graves. Ora as medidas de mitigação que se propõem são, na grande maioria dos casos, de tipo “win-win”. Ou seja, são políticas que são positivas quer hajam alterações climáticas ou não e o custo social que advém de lhes conferir prioridade é bastante inferior ao custo social de não as implementar num cenário provável de alterações climáticas.

Posted by Miguel B. Araujo
http://ambio.blogspot.com/2009/01/
This entry was posted on segunda-feira, novembro 02, 2009 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

0 comentários: